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IA Acelera Demanda por Data Centers e Coloca Brasil em Papel de Destaque

À medida que modelos de IA se tornam mais sofisticados e exigentes em poder computacional, cresce também a pressão sobre recursos como energia e água

O crescimento exponencial da inteligência artificial generativa está provocando uma transformação silenciosa, mas profunda, na infraestrutura digital global: a corrida por data centers de altíssimo desempenho. À medida que modelos de IA se tornam mais sofisticados e exigentes em poder computacional, cresce também a pressão sobre recursos como energia e água, e com ela, a urgência por soluções sustentáveis. No centro desse debate, o Brasil desponta como um dos países com maior potencial para liderar essa nova fase da economia digital.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os data centers representaram cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade em 2024, com projeções de que esse número dobre até 2030, atingindo 945 TWh — o equivalente a quase duas vezes o consumo total de eletricidade do Brasil em 2023. “A demanda por processamento de dados em larga escala tem aumentado exponencialmente, impulsionada pela capacidade da IA de transformar setores como indústria, finanças, saúde e educação”, afirma Engelbert de Oliveira, Head de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Siemens Brasil. “Mas isso traz o desafio de gerenciar o consumo de energia, já que os data centers são intensivos em recursos.”

A Siemens tem apostado em tecnologias como gêmeos digitais e inteligência artificial aplicada à gestão de infraestrutura para reduzir desperdícios e otimizar o desempenho dos data centers. “Estamos falando de centros autônomos, que ajustam dinamicamente padrões de fluxo de ar, realizam resfriamento preciso e reduzem significativamente o consumo de energia e as emissões de CO₂”, explica Oliveira. O Brasil, com 87% de sua matriz elétrica composta por fontes renováveis — frente a uma média global de 30% —, tem uma vantagem competitiva natural nesse cenário. “É uma pauta que deve caminhar junto com o avanço da IA”, completa.

Mas a sustentabilidade não se limita à energia. A CEO da NeoAcqua, Sibylle Muller, alerta para o impacto hídrico da IA generativa. “Treinar grandes modelos consome milhões de litros de água, principalmente para resfriar servidores. Ainda existe o mito de que o digital não gera impacto, mas ele é real e relevante”, afirma. Segundo ela, embora alguns data centers usem refrigeração a ar, que dispensa água, isso aumenta o consumo energético — o que, se não for suprido por fontes limpas, mantém o impacto ambiental elevado. “No Brasil, apesar da abundância hídrica, já enfrentamos escassez em várias regiões. É hora de unir tecnologia, inovação e gestão eficiente dos recursos naturais.”

Outro ponto estratégico é a segurança energética. Para Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), a IA generativa exige uma oferta contínua e estável de energia — algo que fontes intermitentes, como solar e eólica, não garantem sozinhas. “É aí que a energia nuclear ganha relevância. Ela opera 24/7, com alta densidade energética e confiabilidade”, afirma. Cunha destaca ainda o potencial do Brasil nesse campo: o país tem uma das maiores reservas de urânio do mundo e um histórico consolidado na área nuclear. “O desafio agora é pensar políticas públicas, regulação e investimentos que posicionem o Brasil de forma estratégica neste novo ciclo tecnológico.”